Mistérios da poesia em “Venha ler comigo.”

3 out

por Paulo Pasa
fotos Paulo Pasa

Na noite de domingo, dia 02 de outubro, a 27ª Feira do Livro de Caxias do Sul, recebe às 19h Paulo Ribeiro e Tríssia Ordovás Sartori para um bate papo no Café Cultural, montado na praça Dante Alighieri para a ocasião da feira. A conversa, quase informal, contou com a presença de Cláudio Troiano e de Marco de Menezes, poeta patrono da feira.

Paulo Ribeiro, escritor, jornalista e ex-poeta, como ele mesmo se descreve, tomou a palavra dando início à discussão, e citou alguns poetas que representam a introdução de sua vida à leitura e a apreciação da poesia. Dentre os autores que relembra, Carlos Drumond de Andrade e Vinícius de Morais, do qual recita aos presentes “Poema dos olhos da amada”. Logo após, Ribeiro debate com Trissia, a “imaterialidade” da poesia, comparando-a com o amor, sendo ambos da mesma forma sublime e inexplicável em sua existência.

Em novo período do bate papo, a jornalista Trissia, escritora do popular blog “Nem Lolita nem balzaca”, questiona o poder de sedução da poesia, no passado e na atualidade. Paulo Ribeiro, descreve que a poesia já é escrita com o intuito da conquista e comenta, “Sinceridade não é nada na poesia. Poesia mente o tempo todo.” conclui Paulo.

A fonte de inspiração

Falando de sua vivência, Ribeiro relata fontes de inspiração para suas obras. Em um de seus relatos, ele narra o dia em que conheceu “Lua”, uma jovem Uruguaia do qual se relacionou por dois anos, tendo à conhecido inicialmente nas populares salas de chat de conhecido portal de web. Lua foi seu amor, e sua fonte de inspiração para a criação de mais de 400 telas e aproximadamente 500 poesias, a maioria delas presente no livro “As luas que fisgam o peixe” e também no blog “Vitrola dos ausentes”. Questionado por Tríssia se sentia falta desta inspiração para a escrita, Paulo em um tom divertido comenta “Sinto falta de um novo amor”.


Trazendo ao debate a diversidade de fontes de inspiração, Trissia comenta sobre o livro 3.096 dias, onde Natascha Kampusch, jovem mantida em cativeiro por 8 anos, relata a forma como viveu sob os olhos de um psicopata. De forma poética, descreve como o cativeiro aguçou seus sentidos, e a maneira como até mesmo o som de folhas secas ao vento, na calçada da casa, lhe permitiam a sensação de liberdade.

A vida no poema

Paulo Ribeiro trás aos presentes o clímax pelos olhos do escritor, e descreve: “O poema tem 3 fases em sua vida, primeiro a sua escrita, segundo sua conclusão, e por terceiro o momento em que a poesia deixa de ser do autor, e é recebida com aceitação pelos leitores.”

Claudio Troiano, recita aos presentes “Em nome do pai”, a premiada poesia de Paulo Ribeiro, que logo em seguida descreve a origem destas palavras em sua própria infância, onde filho de mãe solteira, por um único dia em sua vida conhece seu pai, e o mesmo o apresenta como seu filho a pessoas desconhecidas. Paulo mais tarde relata que ao publicar a poesia em um jornal, foi chamado por sua mãe, que contou-lhe sobre a morte recente do pai, que pouco conheceu. Diz então “Não havia amor, não havia reação ou sentimento portanto” e nunca sentiu pela morte do mesmo. Conclui o assunto, dizendo que seu pai era um caminhoneiro, e relacionado a isto, ironiza o fato de que até hoje não tirou carteira de motorista, “Freud explica” encerra o autor com risos.

Ao termino do tempo destinado ao bate papo, algumas perguntas são feitas pelos presentes, e sob aplausos Paulo Ribeiro e Tríssia Ordovas Sartori encerram discutindo sobre a forma como a poesia moderna perdeu o enredo, e descrevem como a música brasileira está frágil e vazia sob as influencias das culturas de massa, levadas ao funk, axé e modismos, “falta a oferta, falta Vinicius de Morais” diz Paulo Ribeiro. Os autores encerram citando Chico Buarque e Caetano Veloso como alguns dos últimos grandes nomes da música e poesia brasileira.

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